COMUNICAÇÃO DO PRESIDENTE DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO, JOÃO RODRIGUES DO COUTO, NA SESSÃO COMEMORATIVA DO 75º ANIVERSÁRIO DA UNICOL

Começo por agradecer a V. Exa., Senhor Presidente do Governo Regional, por ter aceite presidir a esta cerimónia simples mas de grande significado para nós.

Passados 75 anos desde a sua fundação, a UNICOL é hoje uma organização incontornável no panorama dos lacticínios dos Açores, e, porque não dizê-lo, até com expressão nacional, apesar de estar geograficamente limitada às duas ilhas onde tem estruturas físicas: Terceira e Graciosa.

Com efeito, a UNICOL recolhe 25% do leite produzido nos Açores, equivalente a 8% do todo nacional.

Criada para recolher, transformar e comercializar leite e derivados, a nossa cooperativa retirou-se, em 1993, das áreas da transformação e da distribuição de lacticínios com a criação da PRONICOL e afirma-se hoje pelo alargado leque de serviços que presta aos produtores, que inclui a assistência veterinária, a inseminação artificial, a fabricação de rações, a comercialização e assistência a equipamentos de ordenha, tratores e máquinas agrícolas, a desmancha e comercialização de carne e o fornecimento de diversos fatores de produção, desde adubos, sementes e pesticidas ao gasóleo agrícola.

Com as crescentes exigências que recaem sobre as explorações agrícolas, o papel da nossa cooperativa no apoio técnico multidisciplinar que disponibiliza aos associados, e aos produtores em geral, é fundamental para a sobrevivência e afirmação de muitas delas.

Como já se ouviu aqui hoje, o trajeto percorrido pela UNICOL não foi fácil, mas a cooperativa esteve sempre presente a apoiar os produtores em todos os desafios que foram aparecendo, como o crescimento da produção de leite após a adesão de Portugal à CEE, a batalha permanente pela melhoria da qualidade do leite, a sanidade animal, o melhoramento genético, a produtividade dos solos, etc.

Todos sabemos da importância do preço do leite no rendimento dos produtores e nenhum de nós está satisfeito com os valores que são praticados. Mas também sabemos que nenhum operador, por si só e por maior que seja, tem capacidade para manipular os preços. O mercado, os mercados, são espaços complexos, palco de jogos de forças muito variadas, antagónicas umas vezes, e com comportamentos nem sempre lógicos, noutras. Daí que, embora também com dificuldade, seja, apesar de tudo, mais exequível atuar nos custos de produção. É exatamente isso que a UNICOL procura fazer com as mercadorias que vende e com os serviços que presta.

Não é possível falar da UNICOL sem falar da PRONICOL, entidade a que a cooperativa está estreitamente ligada, uma vez que detêm 49% do seu capital social, porque ela é o seu principal cliente, e, inversamente, a UNICOL é o seu principal fornecedor.

O destino da PRONICOL, por sua vez, joga-se no dia a dia nos mercados externos à Região, onde são comercializados cerca de 90% dos produtos que fabrica, através da nossa parceira LACTOGAL.

Apesar de algumas fragilidades, esta parceria tem sido a âncora do sector nas duas ilhas onde atua. Infelizmente, este papel não tem sido devidamente valorizado, havendo quem se empenhe mais em enfraquecê-la do que em reconhecer o seu contributo responsável para a estabilidade do sector na Região Autónoma dos Açores.

A UNICOL não atua sozinha. Interage com diversas agentes, públicos e privados, observando sempre regras de respeito mútuo e de lealdade. Em relação ao Governo a que V. Exas. preside, Senhor Presidente do Governo Regional, a nossa disponibilidade para colaborar e procurar soluções nas diversas áreas em que a cooperativa intervém, é total.

No conjunto das atividades que desenvolve, a UNICOL fatura mais de 70 milhões de Euros por ano (76,4 milhões de euros em 2020) e emprega presentemente 193 trabalhadores, 90% dos quais com vínculo permanente. Dos 909 associados, 776 são produtores de leite e 133 produtores de carne. Entre associados e trabalhadores estamos a falar, só na fileira do leite, no mínimo, de 970 famílias que dependem diretamente da cooperativa. Se a estas adicionarmos os 250 trabalhadores da PRONICOL fica mais evidenciado, ainda, o enorme impacto social da parceria UNICOL / LACTOGAL e a responsabilidade que isso acarreta.

A recolha de leite é, de longe, a nossa principal atividade, quer pelo valor da faturação, quer pelos meios que mobiliza. A evolução da produção de leite na área social da UNICOL foi impressionante. Nos últimos 30 anos, as entregas de leite na UNICOL aumentaram 248%, passando de 47 milhões de litros em 1990 para 164 milhões em 2020. Foi, em termos relativos, o maior crescimento da Região, onde a média se situou em 108%.

No mesmo período, foi na ilha Terceira que se registou a menor redução do número de produtores ativos, com 57% de abandonos, quando a média regional foi de 69%.

Não obstante a imperiosa necessidade de conter os crescimentos de leite nos últimos 5 anos, os dados aqui apresentados são a resposta factual a quem quer situar na ilha Terceira os maiores problemas do sector nos Açores. Pelo contrário, se existisse uma UNICOL em cada ilha, o sector estaria seguramente melhor do que está hoje.

Os dirigentes da UNICOL têm pautado a sua atuação por três princípios que para nós são autênticos mandamentos:

Responsabilidade, honestidade e estabilidade.

Nenhuma decisão pode pôr em causa o património de todos, a ética deve presidir a todos os atos de gestão, e o risco deve ser prudentemente avaliado.

É assim que a UNICOL apresenta contas equilibradas, não deixando de evoluir sempre que há oportunidade, através dos apoios ao investimento no âmbito dos sucessivos quadros comunitários.

A UNICOL não é um fim em si mesma. É um instrumento. Diria mesmo o maior e o melhor instrumento de que dispõem os nossos associados. E um instrumento é tão mais eficaz quanto mais forte for. É isso que nos motiva, é isso que norteia o nosso dia a dia:

Ser fortes para servir melhor.

Termino agradecendo a presença de todos os nossos convidados, que vieram partilhar connosco a alegria de celebrar os 75 anos da nossa cooperativa, da nossa UNICOL.

Obrigado